'39 Chevy Delivery




 
















Mini: Jada Toys (Von Dutch)
Escala: 1/64


Tem sido muito comum durante esses anos todos que, quando alguém fique sabendo do meu interesse por miniaturas, logo pergunte: “desde quando você coleciona miniaturas?” Ou então comente “Ah! Você gosta de carrinhos?!”. Mas a pior interseção que alguém pode mesmo fazer, quando me encontra por aí revirando gôndolas, é aquela fatídica pergunta “mas quantas miniaturas você tem?”. E, em seguida, o sujeito fica me olhando com cara de mandioca mal cozida, esperando talvez que eu conte nos dedos, sei lá, ou conte até três, quem sabe (?)... Não! Não! Isso não, por favor!

Lógico que, agora, ou melhor, já há algum tempo, eu me tornei uma pessoa civilizada e, como adulto, respeite e trate com urbanidade e de modo cortês, todo cidadão ou cidadã, que interrompa os meus sagrados momentos de ócio e deleite, debruçado em alguma gôndola do Magazine Eloísa, ou das Lojas Sul-Americanas da cidade.  Mas isso só ocorre hoje...

Em meados da década de 60, quando ainda não passava de um pimpolho, e, aos domingos, meu pai me arrastava até uma feira-livre para comprar laranja e legumes, eu tinha um comportamento um pouco diferente.

Sei que não é muito comum as pessoas ficarem assim falando dessas coisas publicamente, mas é que, a essa altura do campeonato, eu tô pouco aí, ou seja, to pouco me lixando para o passado; mesmo porque, como bem já me disse um velho amigo da Guarda Nacional do Panamá, “Tudo já caducou, Dement. Tudo já prescreveu”.

E então, enquanto meu pai, com a boca de sua sacola aberta, encostada junto à barraca de frutas, ia jogando uma a uma as laranjas para dentro de sua caçapa, contando em voz alta e firme para que o japonês da banca ouvisse “uma, duas, três, quatro, quatro, cinco, seis, sete, oito, oito, nove...”, eu ficava de olho na barraca do lado, onde um velhinho de bigode e chapéu de feltro vendia brinquedos.

Sabendo que meu pai era uma pessoa muito nervosa e irritada, para não atrapalhá-lo em sua matemática, eu me esgueirava para trás da lona daquela barraquinha de brinquedos, e permanecia ali como uma sombra, até que ouvisse o desfecho da história na barraca de frutas: "Uma dúzia, Sam! ...Vombora, Dé!"

Acho que foi assim que eu comecei minha coleção de carrinhos. Você tá entendendo? Eu percebia que meu pai contava laranjas, e que o velhinho de chapéu dava um capote na mãe do menininho branco de topete e camisa Volta ao Mundo, e então eu enfiava minha mãozinha indígena por uma fresta na lona e, com os dedinhos de João e Maria em movimento, escolhia meus modelos favoritos: um Aero-Willys, um DKW, um FNM. Eram todos carrinhos de plástico bolha, bem pequenos, quase do tamanho de um 1/64 de hoje, os quais eu enfiava rapidamente no bolso traseiro do meu calção.

Bem, vamos voltar aos dias atuais, porque essa história besta já está começando a cansar minha beleza, que já não é tanta. Além do mais, são tantos os detalhes, tantas emoções, que...


O modelo acima foi uma das minhas primeiras miniaturas Jada. Comprei aqui mesmo, no Centro de Campinas, creio que por volta do ano de 2008 ou 2009, na loja de um rapazinho de descendência oriental, apelidado Zamu, que também colecionava alguma coisa. Custou o equivalente a R$ 18,00... Não tenho mais o blister, e também não vendo e não a troco por nada...

Ah (!) ...Quando faço estas postagens, é como se eu voltasse ao tempo em que era apenas um menininho tonto e selvagem. Hoje, como gosto muito de fotografia, e me dedique bastante a esse hobby, além do colecionismo de miniaturas diecast, costumo "brincar" com os carrinhos, modificando sua cor original, ao editar as fotos.  

Vejam a miniatura ao natural:

























...Máquinas que me vigiam o tempo todo (!)
...Acho isso tão desnecessário quanto horrível.
Parece um avião, mas é um carro (!)























Escala: 1/64




Nissan Z



































Mini: Jada Toys
Escala: 1/64





'62 Chevy Impala





















Escala: 1/64


Às vezes penso em fotografar minhas miniaturas, de forma a elaborar uma espécie de catálogo de toda coleção. E então me vejo diante de uma tarefa árdua e patética. Em primeiro lugar, porque são muitas miniaturas; dezenas. Segundo, porque não sei qual a razão ou o propósito de alguém ficar fotografando objetos, que pensa possuir... Quando imagens desses mesmos objetos (porquanto mercadorias), também estão disponíveis em catálogos de lojas e vendedores autônomos.

Do meu ponto de vista, não faz sentido juntar objetos, ou miniaturas, e depois, simplesmente, fotografá-las, com alguma finalidade racional. Não. O meu caso é diferente. Se fotografo uma miniatura, é porque tenho vontade de fazê-lo. Sinto prazer. Observo as formas e contemplo o desenho. Busco aperfeiçoar o meu olhar, a minha sensibilidade...

Ao mesmo tempo em que fotografo, ouço músicas, viajo, devaneio. Penso sobre as mais diversas questões do comportamento humano. E, quase sem querer, revivo lembranças de um passado remoto, há muito distante. Como no caso desse Impala 62...

Bem, acho que já contei a história do Impalinha cor-de-rosa pra vocês em algum outro lugar em outra oportunidade, não?